quarta-feira, dezembro 30, 2009

Modelo Conceitual e Processual do Capital Social Estratégico

O modelo do capital social estratégico possui foco na informação, no conhecimento e nas interações necessárias em um ambiente e é dividido em um modelo conceitual e outro processual. O primeiro nos mostra o que devemos conhecer sobre o tema a ser analisado e o segundo nos dá um framework para conduzirmos a análise do capital social estratégico. O capital social estratégico é o conjunto de relacionamentos que mobilizam os recursos informacionais e de conhecimento necessários para o alcance de um objetivo, seja para a manutenção desses recursos ou para a inovação. O modelo apresentado é orientado pelo capital social como recurso e possui ênfase nas redes sociais para a manutenção e o desenvolvimento de relações que proporcionarão acesso aos demais tipos de capital (humano, econômico, intelectual, etc.). As redes sociais são utilizadas em conjunto com outros fatores para a explicação de um determinado problema. Assim, as redes sociais não pretendem ser uma ferramenta para compreensão de tudo, mas um fator que auxilia no processo de entendimento junto a outros fatores.


Modelo Conceitual


O modelo conceitual do Capital Social Estratégico reúne os elementos necessários para a ligação do capital social e da Ciência da Informação e se atém apenas aos aspectos relacionados com a informação e o conhecimento conduzidos pelo compartilhamento e pela disseminação por meio das redes sociais. O ponto de partida está no planejamento estratégico e nas estratégias organizacionais - ou naquilo que se deseja obter -, as quais definem o contexto de aplicação do modelo.
Um pressuposto para o entendimento do modelo está na aceitação do capital social como um recurso estratégico aliado ao conceito de outros tipos de capital a serem utilizados pela organização.



Figura - Esquema do Modelo Conceitual

Modelo Processual

A proposta de um modelo processual do capital social estratégico busca trazer um modus operandi para a análise do capital social sob a ótica da Ciência da Informação. Adota o ciclo de planejamento PDCA (Plan, Do, Check, Act) e seu ciclo de vida estabelece uma sequência de fases interrelacionadas de forma não-rígida, podendo, a qualquer momento, seguir ou voltar uma fase. Algumas fases também podem ser realizadas concorrentemente, porém devemos nos ater às fases seguintes, que são dependentes dos produtos entregues nas fases anteriores. De qualquer forma, o modelo processual estabelece quatro grupos de medição e análise do capital social:
  1. a presença e manifestação do capital social;
  2. como o capital social opera;
  3. propostas de ações para acesso aos recursos da rede; e
  4. constante avaliação de desempenho e resultado.



Figura - Esquema do modelo processual

Nos próximos posts detalharei mais os modelos conceitual e processual do capital social estratégico (CSE).
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terça-feira, fevereiro 10, 2009

Capital Social Estratégico - Parte I - Análise Redes Sociais

De volta, vamos a mais um conceito para a consolidação do que chamamos de Capital Social Estratétigo: as redes sociais e a sua análise. Boa leitura.

As redes sociais conduzem a uma nova abordagem de pesquisa social com ênfase nas relações entre diversas unidades de interação, não só no indivíduo de forma isolada e independente. Para Nan Lin, um dos expoentes do estudo do capital social, as redes sociais “representam uma estrutura social menos formal nas quais existem (sic) pouca ou nenhuma formalidade no delineamento de posições e regras e na atribuição de autoridade aos participantes”. A forma de atuação de uma rede social é diferente de uma realizada em uma estrutura de rede formal ou mesmo nas chamadas redes temáticas. Suas relações se dão por meio do estabelecimento de acordos mútuos em que a persuasão é a base de convencimento. Porém, a formação de redes se dá de acordo com os interesses de cada indivíduo ou grupo. Podemos ter redes diferentes atuando em um mesmo ambiente. Esta é uma implicação que mostra o conceito de capital social de James Coleman. Uma rede temática está relacionada a um assunto específico e sua grande preocupação está em sua estrutura, diferentemente do capital social e das redes sociais.
A análise de redes sociais, sob a ótica das organizações, volta-se para os estudos das redes, visando à melhoria de sua competitividade, e está estreitamente relacionada com a gestão do conhecimento. Em artigo elaborado por Cláudio Terra e outros autores, eles enfatizam a importância dada pelas organizações de ponta à análise de redes sociais e a conceituam como sendo o “mapeamento da relação entre os diversos atores de uma organização e a representação destes relacionamentos na forma de matrizes, gráficos e análises quantitativas e qualitativas destes relacionamentos”. Este conceito, de forma ampla, caracteriza a essência do método e nos impele aos objetivos principais de seu uso para as organizações, que, de certa forma, estão alinhados com a Ciência da Informação: o conhecimento dos fluxos de informação e conhecimento. Assim, as redes sociais possuem um papel importante para a inovação, à medida que são elas que mantêm os canais e fluxos de informação, tendo como base a confiança e o respeito para a existência do compartilhamento de informação e da consequente inovação pela provocação dos processos mentais de seus atores. Com um foco mais organizacional, Cross e Parker vêem a análise de redes sociais contribuindo para o aumento da colaboração dentro das organizações. É colocada como mecanismo para obtenção de uma visão mais exata e de ajuda no processo de tomada de decisão e de promoção de uma efetiva colaboração. Desta forma, os executivos podem obter insights para tratar as desconexões e a inflexibilidade nas redes.

No próximo POST explorarei mais a metodologia da análise de redes sociais. aguardem.
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sábado, janeiro 03, 2009

Capital Social Estratégico - Parte I - Capital Social

A partir de hoje iniciaremos um conjunto de publicações com a intenção de divulgar o capital social estratégico (CSE) e seus modelos conceitual e processual. Inicialmente vou explorar alguns conceitos utilizados para a construção do CSE e posteriormente demonstrarei os modelos criados como um framework para sua utilização. Espero com isso, contribuir para as discussões a respeito dos temas capital social e análise de redes sociais no âmbito da ciência da informação. Vamos então para o primeiro conceito: o capital social.

O termo capital social, introduzido inicialmente pelos sociólogos e cientistas políticos, traz em seu bojo um conjunto de definições que têm em sua essência a obtenção de algum valor ou recurso, ou ainda a compreensão da natureza do envolvimento das pessoas nas redes informais e formais. Isso pode ser visto em diversos autores que tratam sobre o tema como Robert Putnam, James Coleman, Nan Lin, Ronald Burt e Ajejandro Portes. O ponto de partida para a construção de um conceito de capital social se inicia na discussão do que é capital a partir de Adam Smith que incluiu as habilidades individuais e úteis de uma população como parte do capital de um país. A obra de Adam Smith serve de referência para aqueles que contrapunham ou não o capitalismo. Um desses estudiosos foi Karl Marx que, em sua teoria, defendia a divisão das classes dos burgueses e dos trabalhadores. Essa teoria, também chamada de teoria clássica de Marx ou teoria Marxista, está baseada na produção e troca de commodities, ou seja, no custo de produção e no valor de troca no mercado. Considera o trabalhador de forma ainda mecanicista deixando de lado o conhecimento e habilidades inerentes aos seres humanos. Já Schultz e Johnson contestam a teoria clássica de capital ao afirmarem que os trabalhadores, antes explorados, tornam-se exploradores modificando a estrutura social que, na teoria marxista, estava na divisão de classes e agora se torna mais difusa, permitindo aos trabalhadores, ao investirem em conhecimento e habilidades, se tornem capitalistas. Surge então a teoria do Capital Humano.
O capital social pode ser visto como um ativo social em virtude das conexões de seus atores e ao acesso a recursos na rede ou grupo aos quais são membros. Os recursos existentes em um determinado ambiente podem ser de caráter material ou simbólico. Os recursos materiais são os representados pelos objetos da realidade como imóveis, dinheiro, bens em geral. Os recursos simbólicos são representados pelas normas, costumes, cultura, conhecimento, em geral intangíveis. A informação e o conhecimento possuem, no âmbito desta pesquisa e sem desconsiderar sua materialização em algum suporte físico, um caráter mais simbólico uma vez que estudaremos com maior ênfase sua característica informal.
O que percebemos é que o conceito de capital social, segundo alguns autores, se encontra fortemente ligado aos recursos inerentes às suas redes, o que implica à atribuição de um valor a esses recursos. Essa perspectiva de valor pode ser aplicada à informação e ao conhecimento uma vez que, entendidos como recursos, geram um tipo de relacionamento voltado para a oferta e procura. Essa valorização da informação e do conhecimento sofre a influência de forças internas e externas ao ambiente.
Procurando construir um conceito de capital social, os recursos pessoais possibilitam o acesso a outros existentes em uma rede, o que torna ainda maior o contexto do capital social. Já os recursos sociais estão embutidos nas relações sociais, nas ligações existentes entre diversos atores. Mesmo quando não há utilização desses recursos, existe a utilidade simbólica que promove a posição social. O capital social, sob uma perspectiva da ciência da informação, pode ser entendido como os recursos informacionais, de conhecimento e de relações existentes em um ambiente e necessários para sua manutenção e desenvolvimento que, por meio das interações entre os diversos atores desse ambiente, promovem a transferência da informação e do conhecimento para o alcance de um objetivo. Assim, o capital social promove as redes sociais como um canal de interação e de trocas de informação e conhecimento, que aliadas à confiança – característica inerente ao capital social – permitem o estabelecimento de um ambiente propício para a captura de recursos.
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