sábado, janeiro 03, 2009

Capital Social Estratégico - Parte I - Capital Social

A partir de hoje iniciaremos um conjunto de publicações com a intenção de divulgar o capital social estratégico (CSE) e seus modelos conceitual e processual. Inicialmente vou explorar alguns conceitos utilizados para a construção do CSE e posteriormente demonstrarei os modelos criados como um framework para sua utilização. Espero com isso, contribuir para as discussões a respeito dos temas capital social e análise de redes sociais no âmbito da ciência da informação. Vamos então para o primeiro conceito: o capital social.

O termo capital social, introduzido inicialmente pelos sociólogos e cientistas políticos, traz em seu bojo um conjunto de definições que têm em sua essência a obtenção de algum valor ou recurso, ou ainda a compreensão da natureza do envolvimento das pessoas nas redes informais e formais. Isso pode ser visto em diversos autores que tratam sobre o tema como Robert Putnam, James Coleman, Nan Lin, Ronald Burt e Ajejandro Portes. O ponto de partida para a construção de um conceito de capital social se inicia na discussão do que é capital a partir de Adam Smith que incluiu as habilidades individuais e úteis de uma população como parte do capital de um país. A obra de Adam Smith serve de referência para aqueles que contrapunham ou não o capitalismo. Um desses estudiosos foi Karl Marx que, em sua teoria, defendia a divisão das classes dos burgueses e dos trabalhadores. Essa teoria, também chamada de teoria clássica de Marx ou teoria Marxista, está baseada na produção e troca de commodities, ou seja, no custo de produção e no valor de troca no mercado. Considera o trabalhador de forma ainda mecanicista deixando de lado o conhecimento e habilidades inerentes aos seres humanos. Já Schultz e Johnson contestam a teoria clássica de capital ao afirmarem que os trabalhadores, antes explorados, tornam-se exploradores modificando a estrutura social que, na teoria marxista, estava na divisão de classes e agora se torna mais difusa, permitindo aos trabalhadores, ao investirem em conhecimento e habilidades, se tornem capitalistas. Surge então a teoria do Capital Humano.
O capital social pode ser visto como um ativo social em virtude das conexões de seus atores e ao acesso a recursos na rede ou grupo aos quais são membros. Os recursos existentes em um determinado ambiente podem ser de caráter material ou simbólico. Os recursos materiais são os representados pelos objetos da realidade como imóveis, dinheiro, bens em geral. Os recursos simbólicos são representados pelas normas, costumes, cultura, conhecimento, em geral intangíveis. A informação e o conhecimento possuem, no âmbito desta pesquisa e sem desconsiderar sua materialização em algum suporte físico, um caráter mais simbólico uma vez que estudaremos com maior ênfase sua característica informal.
O que percebemos é que o conceito de capital social, segundo alguns autores, se encontra fortemente ligado aos recursos inerentes às suas redes, o que implica à atribuição de um valor a esses recursos. Essa perspectiva de valor pode ser aplicada à informação e ao conhecimento uma vez que, entendidos como recursos, geram um tipo de relacionamento voltado para a oferta e procura. Essa valorização da informação e do conhecimento sofre a influência de forças internas e externas ao ambiente.
Procurando construir um conceito de capital social, os recursos pessoais possibilitam o acesso a outros existentes em uma rede, o que torna ainda maior o contexto do capital social. Já os recursos sociais estão embutidos nas relações sociais, nas ligações existentes entre diversos atores. Mesmo quando não há utilização desses recursos, existe a utilidade simbólica que promove a posição social. O capital social, sob uma perspectiva da ciência da informação, pode ser entendido como os recursos informacionais, de conhecimento e de relações existentes em um ambiente e necessários para sua manutenção e desenvolvimento que, por meio das interações entre os diversos atores desse ambiente, promovem a transferência da informação e do conhecimento para o alcance de um objetivo. Assim, o capital social promove as redes sociais como um canal de interação e de trocas de informação e conhecimento, que aliadas à confiança – característica inerente ao capital social – permitem o estabelecimento de um ambiente propício para a captura de recursos.
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