sexta-feira, janeiro 15, 2010

Modelo Processual do CSE

Após uma breve descrição do modelo conceitual, o qual sustenta conceitualmente o modelo, podemos aplicar o modelo processual do capital social estratégico. Esta fase é mais prática e se aplica a qualquer tipo de objetivo ou função a ser analisada. A finalidade de mostrar o modelo processual do CSE é proporcionar um framework para a análise do capital social estratégico, bem como compartilhá-lo para construirmos um modelo mais maduro.

O modelo processual do CSE é composto de:

1. Identificação do Objetivo a ser Analisado

O primeiro passo é o entendimento do negócio como um todo e selecionar objetivos ou funções que possam ser analisados e estejam em condição de ser enfrentados pela organização. Esses objetivos e funções podem ser selecionados a partir do planejamento estratégico e das estratégias organizacionais.

Atividades

1) descrever a estrutura organizacional, identificando cada uma de suas partes, projetos importantes e seus respectivos líderes e responsáveis;
2) identificar as pessoas-chaves da organização e seu papel;
3) identificar os patrocinadores das atividades realizadas na organização;
4) identificar as unidades organizacionais que serão impactadas pelo projeto; e
5) descrever o problema, o objetivo, a função ou o projeto a ser analisado sob a perspectiva do capital social, com sua situação atual e as necessidades dos usuários em relação ao projeto.

Produtos gerados

1) descrição detalhada da organização e dos objetivos ou funções a serem analisadas.


2. Diagnóstico

A fase do diagnóstico é responsável pela coleta de informações necessárias para a compreensão de três aspectos ligados aos objetivos ou funções definidas: as estruturas sociais, os ativos coletivos e os tipos de interação do ambiente.

Atividades

1) definir a metodologia a ser utilizada no processo de coleta de informações. O objetivo do modelo está ligado às redes sociais que permitem a construção do capital social e, por isso, a metodologia de análise de redes sociais será empregada, podendo, entretanto, ser utilizada de diversas formas;
2) elaborar instrumento para identificação dos ativos coletivos da organização em relação à confiança, cultura, normas etc. , considerando-se o ambiente interno e externo à organização;
3) realizar pesquisa interna para coleta de dados sobre os ativos coletivos;
4) elaborar instrumento para mapeamento das estruturas sociais da organização, levando-se em consideração as estruturas de relacionamento, hierárquicas e as posições dos elementos da estrutura;
5) realizar coleta de dados sobre as estruturas sociais da organização;
6) elaborar instrumento para identificação do tipo de interação social predominante na organização; e
7) realizar coleta de dados sobre os tipos de interação social.

Produtos gerados

1) metodologia definida e expressa;
2) instrumentos de coleta de dados para identificação dos ativos coletivos;
3) instrumentos de coleta de dados para mapeamento das estruturas sociais da organização;
4) instrumentos de coleta de dados para identificação do tipo de interação social;
5) dados relativos aos ativos coletivos, estruturas sociais e tipo de interação coletados.

3. Análise do Diagnóstico

Após a fase do diagnóstico, a fase de análise é realizada com base nas informações coletadas e permitirá uma compreensão mais aprofundada dos recursos informação e conhecimento no que se referem ao capital social e às redes sociais do objetivo ou da função propostos para análise. A partir de algumas variáveis, podem ser identificados alguns problemas de mobilização desses recursos e, por consequência, a definição de ações que os suprimam ou minimizem.

A título de exemplo, a posição estrutural pode ser uma variável para aplicação do capital social na gestão da informação e do conhecimento. Medir o capital social não quer dizer atribuir um valor a todos os recursos acessíveis por um indivíduo ou um grupo, mas apenas àqueles recursos úteis em uma situação particular e que podem ser mobilizados em um dado momento, ou seja, na utilidade dos recursos e em sua acessibilidade potencial.

Atividades

1) estruturar e preparar os dados para submissão a uma ferramenta de análise;
2) submeter os dados coletados a uma ferramenta de visualização;
3) identificar padrões estruturais e de comportamento nas redes;
4) analisar os dados quantitativos coletados;
5) confirmar, por meio da comparação, os dados quantitativos e os visuais;
6) realizar reuniões para confirmação dos resultados apresentados nas redes e, se for o caso, ajustá-los se maneira a expressar melhor a realidade.

Produtos gerados

1) dados tratados e preparados para a uso em uma ferramenta de análise;
2) modelos de redes gerados pelas ferramentas de análise, bem como a organização dos dados quantitativos;
3) padrões de redes e de comportamento identificados e validados;
4) mapa das estruturas sociais da organização;
5) descrição dos ativos coletivos identificados; e
6) descrição dos níveis de interação social existentes na organização.


4. Definição de Ações

Com base na análise realizada na fase anterior, passamos à fase da elaboração das ações necessárias para o ajuste das condutas em relação às redes sociais. O foco desta fase está nos tipos de ação expressiva e instrumental conforme identificados e confirmados na fase anterior.

Atividades

1) realizar reuniões para deliberação quanto às possíveis ações a serem tomadas;
2) selecionar ações a serem implementadas; e
3) desenvolver planos de projeto para a execução das ações propostas, com indicadores de resultado e desempenho, responsáveis, prazos e demais recursos necessários.

Produtos gerados

1) Planos de ação elaborados e aprovados.


5. Implementação das Ações

Na fase da implementação passa-se à operacionalização das ações, em que seus responsáveis exercitarão seus relacionamentos para a viabilização destes. Devem ser acompanhados em sua implementação e execução para que, por meio dos indicadores propostos, haja a avaliação de desempenho e de resultados.

Atividades

1) implementar os projetos propostos; e
2) estabelecer os mecanismos de acompanhamento.

Produtos gerados

1) Ações implantadas.


6. Avaliação

Esta fase, além de avaliar os resultados alcançados com a implementação das ações propostas, possui uma característica mais ampla, ao permitir a avaliação do processo do capital social estratégico como um todo. As ações implementadas serão avaliadas em relação ao impacto no capital econômico, político e social do indivíduo ou da coletividade – unidade, organização, equipe, etc. – ou em seu bem-estar físico, mental e de vida. Proporcionará também o resultado da efetividade, ou não, da ação, que, em um novo ciclo, desencadeará uma adaptação. Com relação às outras fases deste modelo, poderá identificar pontos necessários de ajuste quanto aos métodos empregados e aos produtos entregues.

Atividades

1) avaliação do resultado e do desempenho das ações propostas; e
2) avaliação dos métodos utilizados nas fases anteriores;

Produtos gerados

1) relatórios de avaliação para subsidiar adaptações ao objetivo ou função selecionadas.
2) proposta de ajustes, se necessário, nos métodos e produtos das fases anteriores.

Qual é a proposta a partir de agora? A proposta aplicarmos os modelos em casos reais de forma a melhorá-los e consolidá-los. Quem se habilta?
Share/Bookmark

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Modelo Conceitual do CSE

O modelo conceitual do Capital Social Estratégico mencionado na postagem anterior está dividido na forma como segue:

1. Planejamento Estratégico e Estratégias Organizacionais

Servem como base para a definição do objetivo e da função do capital social a ser analisado. O conhecimento da missão, visão de futuro e valores organizacionais possbilita a criação de uma base de sustentação para a análise do capital social de um objetivo ou função.

2. Objetivos/Funções

O planejamento estratégico e as estratégias organizacionais geram um conjunto de objetivos a serem alcançados e também as ações necessárias para a consecução destes objetivos. O modelo pressupõe a adoção de um ou mais destes alvos – objetivos ou funções – para que seja feita a análise do capital social que o permeia. Deve-se identificar um objetivo alvo para a análise do capital social como por exemplo o fluxo de informação para a tomada de decisão, a disponibilização de conteúdos de interesse dos clientes, etc.

3. Ciência da Informação e do Conhecimento (ou outra área do conhecimento)

O destaque para esta parte do modelo se dá em função da demonstração de que os objetos de estudo se voltam apenas para o recurso informação e conhecimento. O ciclo da informação está presente nesse contexto tanto para os ativos informacionais tangíveis quanto intangíveis. Outro aspecto importante está na interdisciplinariedade proporcionada pela Ciência da Informação ao permitir a contribuição de outras áreas do conhecimento, permitindo outros formaa de abordagem.

4. Capital Social

Inserido como uma área de conhecimento que contribui para a Ciência da Informação, o capital social permite a compreensão dos relacionamentos existentes em um ambiente que possibilite a manutenção e o desenvolvimento do conjunto de informações e conhecimentos para o alcance de um objetivo ou a execução de uma função. Neste caso, o capital social não está isolado dos outros tipos de capital – humano, econômico, intelectual, etc. – estabelecendo-se uma forma sinérgica de composição de meios para o alcance do objetivo ou função desejada.

5. Estruturas Sociais

As estruturas sociais inerentes ao capital social mostram a formação das redes de relacionamento entre os atores de um determinado ambiente. Estabelecem a visão macro da estrutura social, possibilitando o conhecimento das redes sociais, das posições estratégicas e dos níveis hierárquicos que compõem esta estrutura. As estruturas sociais, porém, ainda não estabelecem as redes sociais. As redes sociais serão determinadas pelas estruturas sociais, ativos coletivos e interações sociais.

6. Ativos Coletivos

Estão ligados a norma, confiança, cultura e outros fatores que são influenciadores, junto com as estruturas sociais, da composição do capital social em um dado ambiente. A partir desse aspecto, pode-se identificar os padrões de distribuição do capital social para que sejam conhecidos os níveis de acesso aos recursos existentes na rede.

7. Interações Sociais

Dizem respeito aos tipos de interações sociais que podem ocorrer em um ambiente. São interações utilizadas para a manutenção dos recursos existentes e à sustentação das condições atuais e de forma que não haja perda de recursos. Podem também ser interações onde os recursos existentes entre os atores são diferentes, sendo que estes devem promover relações com atores com esse perfil para estabelecer o desenvolvimento dos recursos. Está ligado ao aumento de recursos e à inovação. As interações sociais estão associadas às estruturas sociais e, conforme o tipo de estrutura, são facilitadoras ou não de cada tipo de interação. Da mesma forma, ocorre com os ativos coletivos. São as interações sociais que fecham a composição dos elementos das redes sociais junto com as estruturas sociais e os ativos coletivos.

8. Mobilização

A mobilização dos recursos embutidos no capital social se dará por meio das redes sociais e suas ações compreenderão interações voltadas para a manutenção de recursos e para a inovação. Assim, quando ocorre a identificação dessas ações, pode-es criar um plano de implementação que contemple as atividades destinadas a atender cada um desses tipos de ação.

9. Implementação

São os planos de implementação das ações de mobilização dos recursos para atingir o objetivo ou atender à função. Definem os métodos de avaliação e os resultados esperados.

10. Avaliação

Trata da busca de informações a respeito dos elementos do modelo em relação ao resultado e ao desempenho de cada um, bem como das ações propostas e implementadas.
Share/Bookmark